A cidadania italiana – um dos direitos mais desejados por descendentes de italianos em todo o mundo, especialmente no Brasil, é muito mais que um benefício jurídico. Sua história reflete as transformações culturais, sociais e políticas da Itália desde sua unificação, em 1861.

Cidadania e o Conceito de “Juri Sanguini”

O princípio de “juri sanguini” (“direito de sangue”) é a base para a transmissão da cidadania italiana. Ele reconhece como cidadãos aqueles que descendem de um cidadão italiano, independentemente do local de nascimento. Esse sistema foi essencial para manter os laços com os milhões de italianos que emigraram para as Américas entre os séculos XIX e XX.

Mais de 25 milhões de italianos emigraram entre 1876 e 1915, período conhecido como “Grande Emigração Italiana”. O Brasil foi um dos principais destinos, recebendo aproximadamente 1,5 milhão de imigrantes.

Mudanças na Legislação ao Longo do Tempo

A legislação italiana sobre cidadania passou por várias revisões:

1. Código Civil de 1865: Após a unificação da Itália, este foi o primeiro marco para definir quem era considerado italiano. Ele reconhecia a cidadania por “jus sanguinis”, mas com limitações baseadas no gênero (somente homens transmitiam cidadania, exceto em casos excepcionais).   

2. Reformas do Século XX: A Constituição de 1948 trouxe igualdade de gênero, permitindo que mulheres também transmitissem cidadania. Antes disso, mulheres italianas que se casassem com estrangeiros perdiam automaticamente a cidadania.

3. Hoje: O reconhecimento é ampliado para descendentes de italianos em linha direta, sem limite de gerações, desde que não haja renúncia à cidadania em algum ponto da linha genealógica.

Desafios

A busca pela cidadania italiana envolve reunir documentos muitas vezes centenários, enfrentando desafios como a recuperação de registros antigos muitos deles, como por exemplo, de nascimento e casamento estão em paróquias ou pequenos municípios italianos, frequentemente em dialetos regionais.

 Em regiões como o Vêneto e a Lombardia, os registros podem conter nomes italianos escritos com grafias, germanização ou francesas, dependendo da influência cultural da época.

A Conexão Cultural: Não é Só um Passaporte

Além das vantagens práticas, como viver, estudar e trabalhar na União Europeia, a cidadania italiana é, para muitos, um símbolo de reconexão com suas origens. A cultura italiana – sua culinária, música, moda e valores familiares – exerce um enorme apelo sobre os descendentes.

A língua italiana, por exemplo, é falada por cerca de 700 mil pessoas no Brasil. Comunidades ítalo-brasileiras mantêm tradições como festas religiosas, danças típicas e a produção de vinhos e massas.

O Futuro da Cidadania Italiana

Com propostas recentes, buscando limitar a transmissão da cidadania, o debate sobre a herança cultural e jurídica dos italianos no exterior está mais vivo do que nunca. Independentemente das mudanças, o legado italiano segue firme na identidade de milhões pelo mundo.

Curiosidades

– A cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, é conhecida como “a capital brasileira da imigração italiana”.

– Mais de 10% da população brasileira tem ascendência italiana – um número estimado em 30 milhões de pessoas.

– Para muitos descendentes, descobrir a árvore genealógica é como uma viagem no tempo, conectando suas famílias a vilarejos pitorescos espalhados pela Itália.

Explorar a cidadania italiana é, em essência, explorar uma parte rica da história global – e, para muitos, um retorno às suas raízes.

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